Refresco de número 04: Tang sabor uva.
Rafael Urban
Foto: Nicole Lima
Eu sei, o Dia dos Namorados já passou faz tempo. Mas com essa não pude me segurar. Imagine um presente ruim. Agora, adicione litros de leite e espere as bactérias fazerem o seu trabalho. Processe tudo até que vire queijo. E então pegue o resultado e dê para o seu namorado de presente. Ta aí o que a Valéria deu ao Jofre: dois quilos de queijo minas frescal.
Eu também quase não acreditei. E perguntei, assim só por perguntar, o que ela deu no Dia dos Namorados anterior. “Ah, no ano passado, eu fiz vinho tinto. Pisei nas uvas e tudo”, me respondeu sem esconder a alegria. Que romântico, pensei. A parte do pisar nas uvas
“Em 2006, foi um presente grego”, conta enquanto ri fazendo “hihihi”. Presente de grego foram todos, pensei. “Fiz um jantar à grega. Quebramos pratos juntos até que os vizinhos chamaram a polícia. Quase fomos presos”, diz, completando com o “hihihi”. Ta aí mais um presente emocionante, pensei. “Em 2005, foi a coleção de yo-yos. Achei em diferentes antiquários. Consegui até o Galaxy, aquele da marca de refrigerante e cheio de purpurina.”
Fiquei me perguntando das motivações. O Jofre nunca foi campeão de yo-yo e tinha certa aversão a leites e derivados. De alcoólico, a única vez que vi ele colocar algo na boca foi uma cerveja preta. “Posso continuar?”, disse ela interrompendo meus pensamentos. “Em
Resolvi deixar a corda esgotar. “Um ano antes, em
E você nunca ganhou presentes, perguntei. “Ah, sempre ganho e são dos bons”, me respondeu. Ah, é, questionei. “Sim”, respondeu. O que ganhou em troca dos dois quilos de queijo minas frescal. “Ah, nessa o Jofre acertou
* Conto originalmente publicado na sessão Ligeiras do Caderno Curitiba do Jornal Folha de Londrina, do dia 18/07/2008.
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