Foi numa noite de 1986 que o maestro de Chico Buarque, Luiz Claudio Ramos, entendeu a música*
“Ô chefia”, diz o músico Luiz Claudio Ramos. “Ô maestro”, responde Chico Buarque. Eles são parceiros desde 1975, quando trabalharam no espetáculo Chico Buarque e Maria Bethânia. Luiz Claudio é auto-didata, aprendeu quebrando a cara: “É se jogar no meio dos leões e lutar com eles”. Escreve arranjos desde muito cedo “com o talento, no peito e na raça; na sensibilidade, no ouvido: ia lá no piano, procurava, mas sem consciência nenhuma”. Com a mudança de sua família para Copacabana, o piano foi para a sala de estar, e ele, para o quarto, onde estudou violão. Aos 14, diz que já levava a música a sério. Logo depois de completar 16, Luiz Claudio Ramos já tocava com Wilson Simonal.
Mas foi numa noite de 1986 que o maestro Luiz Claudio Ramos entendeu a música. “Eu tive um estalo, uma forma de ver. É engraçado dizer isso, mas, um dia, eu entendi como funcionava a música”. A partir do estalo, elaborou uma metodologia para escrever, compor, harmonizar e improvisar. “É muito simples; eu descobri que, no final, eram quatro as escalas, os universos musicais, que se desdobravam em outras”, afirma. Todas as músicas que fez, desde a descoberta, passaram a usar esse sistema. E foi aí que se considerou músico; até então, tinha medo de estar no meio dos cobrões, achando que não sabia direito o que estava fazendo.
Com Chico Buarque a palavra certa é afinidade
Já dividiu o palco com Johnny Alf, Elis Regina e, por um longo período, com o Quarteto
O show Carioca, mesmo nome do CD, lotou as três sessões que realizou no Teatro Guaíra no início de abril. Somado ao sucesso, o trabalho com Chico tem três qualidades diferenciais: “Fazemos uma música que gostamos, temos uma relação boa e ganhamos bem. É muito difícil você conjugar esses três predicados num mesmo trabalho”. Ele reconhece em Chico uma pessoa generosa, numa contínua busca de não parecer ser a estrela que ele é.
“Ele grava com todo mundo; artistas consagrados, artistas iniciantes. Se você pedir para ele participar num disco seu, ele é capaz de participar”. Mesmo? “Se você jogar umas três peladas com ele [futebol, passatempo favorito do músico], acho que já é 90% de chances de ele participar do seu disco”, completa o maestro que abandonou o segundo ano do curso de Medicina para aprender a teoria da música na prática.
FOTO: Rafael Urban
1ª - O maestro Luiz Claudio Ramos, no início de abril, quando veio a Curitiba tocar no show Carioca.
2 comentários:
A história prova que um gênio nunca se cria sozinho. LCR é apenas mais um, o mais próximo, e talvez o mais desconhecidos, dos grandes músicos que caminharam junto e fazem parte da formação e sucesso que é Chico Buarque.
Filho de país que já tinham grande intimidade com a música e com a arte, Chico Buarque teve, desde sua infância, o contato com grandes nomes como Tom, Vinicius, João Gilberto, Baden Powell dentre outros nomes. Apesar de ter chego um pouquinho depois, LCR, não deixa de ser mais um destes grandes músicos e letristas que através da amizade, da boemia e de muito trabalho se desenvolveram mutuamente e a musica brasileira como um todo. Parabéns pela a ótima reportagem, e a próxima vez não perca o show!
Grande Abraço.
o que eu estava procurando, obrigado
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